segunda-feira, 6 de julho de 2009

A legalidade imoral

Uma das faculdades que o presidente da Câmara tem é nomear o pessoal do seu gabinete. Outra é que ele privilegiará pessoas da sua confiança e com competência para o cargo. Por outro lado, casos há - e o Marco foi um deles -, em que se nomearam para o cargo de assessores pessoas de outros partidos, num claro sentido de os manter perto e amarrados.
No tempo dos "outros senhores" assim foi. Todos os que por cá os combateram denunciaram essas cumplicidades. Porém, agora a prática é a mesma, embora com um matriz diferente.
De facto, a nomeação de um elemento da juventude partidária do partido da maioria para o cargo de assessor do presidente da Câmara Municipal da nossa terra, a três meses das eleições, após o triste episódio do ónagro cartaz da responsabilidade dessa mesma organização e ainda por cima com um chorudo salário mensal, não somente é uma afronta a todos nós, mas sobretudo uma imoralidade.
É não ter respeito por quem trabalha com denodo e afinco naquela casa há muitos e muitos anos, por quem diariamente é confrontado com a desculpa de que não há dinheiro para fazer obra e por quem acreditou que este executivo seria o portador da mudança que todos anseiam.
Infelizmente, casos como este pululam em Câmaras de todo o país, independentemente da sua cor partidária. A legalidade e a legitimidade para tais nomeações não podem sobrepor a ética e a moral. O rigor e a transparência deverão ser uma prática e não uma mera retórica.
Artur Melo

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