quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Porque se cala?

É ensurdecedor o silêncio sobre a questão suscitada pelo PS àcerca da elegibilidade de um dos candidatos. A questão é de tal forma relevante para a Democracia que até o Tribunal se decidiu por fazer jurisprudência, mas por aqui somente a opinião pública se faz ouvir na rua, com as pessoas interressadas em saber pormenores do assunto. O caso não é para menos: foram esgotados todos os recursos pelo cidadão condenado e a pena, finalmente, confirmada: perda de mandato e de prisão. Numa terra normal isso bastaria para levantar um coro de comentários, de polémica, até de votações - "quem julga que tem razão?" -, mas fiel ao que sempre foi, no Marco pouco se publica sobre este assunto.


De todas as forças concorrentes às próximas eleições autárquicas, o PSD tinha a responsabilidade de ter uma posição clara sobre esta questão e deveria comunicá-la ao eleitorado. Contudo, nada diz, refugia-se num silêncio que ninguém poderá entender, nem mesmo os seus mais acérrimos seguidores. Naturalmente, que destes se exclui a ala do PPD/PSD/AFT, pois essa fiel ao que sempre foi em 1997 espera na penumbra pela decisão do tribunal.
Os marcoenses perguntar-se-ão: porque se cala o PSD? A resposta é simples: porque se quer manter no poder, seja a que preço for. Com o regresso do agora condenado o PSD viu aí a sua tábua de salvação para não discutir o Marco, para transformar as eleições num plebiscito a dois, em que radicalizaria o discurso entre eles e o passado; do futuro do Marco não se falaria. Mas, também viu mais: que os dois disputam a mesma franja de eleitorado e que qualquer acção que lhe possa causar dano pode ser fatal. Tal com o condenado, o PSD está refém das suas próprias fragilidades. Não tem projecto, não foi o motor da mudança - no actual mandato nunca se conseguiu afirmar como uma força capaz de romper com o passado, sendo o exemplo mais vivo a falta de coragem em alterar o nome do estádio de futebol - e tem dificuldade em transmitir com argumentos lógicos a sua mensagem.
O mais "interessante" e que agora se sabe, oficiosamente, é que o PSD acha que o PS fez bem agindo, mas ele fez melhor desprezando. Ora aqui está o cerne da questão: o PSD desprezou a Democracia e a Justiça. Ao que chegaram certos actores políticos da nossa terra que nas palavras defendem acérrimamente o Marco, mas que na prática o brindam com esta atitude.

- Porquê? - Porque ambos (PSD e condenado) precisam um do outro para sobreviver, são sócios, não gostam de debates sérios sobre o Marco e acima de tudo porque os dois já fizerem, muito, mal ao Marco e detestam quem nunca fez.

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