Fui contactado por um órgão de comunicação social para um debate com os candidatos às próximas eleições autárquicas. O dia proposto é a quinta-feira, 8/10, da parte de tarde, anterior ao último dia da campanha. A organização engloba um jornal regional e um jornal e rádio locais.
Pelo que percebi os outros candidatos estavam de acordo com o dia e a hora.
Lamento, mas eu não e passo a explicar.
Um debate pretende ser um espaço de divulgação das ideias de cada candidato, os quais aproveitando o mediatismo da ocasião procurarão passar a sua mensagem. Depois, os eleitores irão discutir sobre o que ouviram, polemizando e interiorizando, se for o caso, os conteúdos assimilados. O efeito de um debate faz-se sentir quando há tempo para todo este processo, razão pela qual estes se fazem a meio das campanhas eleitorais e não no fim.
Ao querer fazer um debate um dia antes de acabar a campanha, que tipo de polémica se pode estabelecer? Quanto tempo têm os eleitores para poderem assimilar o que ouviram? O que se ganha em conversas e debates nos cafés, nas ruas ou em casa dos eleitores?
Creio que será um erro escolher este dia e ainda por cima de tarde. Embora me tenha sido dito que o debate seria retransmitido á noite, já não é a mesma coisa. É como ver um jogo quando se sabe resultado. O que fica de um debate é o instantâneo, o comentário, a espontaneidade; aquilo que os ouvintes gostariam era do directo, das reacções dos candidatos, o modo como reagiram ao longo daquele nas mais diversas situações.
Ora, como se vê esta formato não serve o eleitor, mas poderá servir quem não quiser exposição e discussão de ideias e quem queira que poucas pessoas o ouçam. Foi isso que transmiti a quem me fez o convite. Veremos o que nos reservam os outros candidatos. Artur Melo
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